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João Pessoa, Paraíba, Brazil

sábado, 29 de janeiro de 2011

Uma geração sendo gerada

Vivo o início da primeira experiência paterna, mas já acumulo mil coisas pra dizer a você que me ler agora. Durante os vinte e cinco angustiantes dias de internação de Ângela, em uma maternidade pública, a minha fase de pré-pai foi testemunha do surgimento de mais uma geração de gente brasileira. Nesse período houve uma espécie de rodízio de parição, quando, mais de quarenta gestantes passaram pela sala de acirrada observação médica. Elas apresentavam alto risco na gravidez ou entraram em trabalho de parto antes do tempo normal. Ângela, uma jovem mãe de 26 anos de idade, permanecia ali entre as mais variadas faixas etárias que iam dos quatorze aos cinqüenta. Estava sendo gerada uma geração dentro de outras três gerações. Coincidentemente, em um diferente dia, primeiro de janeiro de 2011, à uma hora e onze minutos da tarde cheguei para visitá-la. Enquanto abraçava minha amada, ouvi murmurar uma das grávidas com um “viva Dilma Roussef”. Mansamente soergui o olhar e vi o brilho de uma TV ligada no canto do gélido e escuro quarto. Um grupo de gestantes esperava com ansiedade pela cerimônia da posse presidencial. Elas aplaudiam, gritavam, esbravejavam... Merecido, pois, talvez, se sentissem ali representadas pela primeira mulher a governar o Brasil, eleita pelos votos delas (e do povo). “Que exemplo de mulher”, disse uma, com um ar de otimismo nunca visto antes na história desse país. Nas visitas que se seguiram especulei um pouco mais e descobri que Eu e Ângela éramos o único casal com formação superior. As demais colegas de leito ficaram no meio da caminhada escolar, vendo o tempo voar no bico da cegonha. Assim como elas, os pais dos sues filhos, uns ausentes, outros presentes, uns renegados e até mesmo os ocultos e os indefinidos, freqüentaram, segundo elas, somente os primeiros anos primários. A própria vida se encarregou de lhes dá experiência e adaptações às circunstâncias que tiveram que enfrentar. O restante da maternidade, com seus trocentos partos realizados todos os dias, então, nem se fala. Mas, o ambiente ali era pé de igualdade e equidade para todas. Não demorou, entendi que aquela motivação era por que com Dilma começava um novo Brasil de esperanças. Suas crianças estavam para nascer e viverem em um Brasil melhor. Havia sintonia e unanimidade entre as mães, elas acreditavam em um futuro decente dali por diante. Essa novíssima geração terá mais qualidade de vida, mais acesso à boa saúde e educação, às novas oportunidades e à paz. Uma disse que queria seu filho médico, para salvar vidas; outra já vislumbrava um tribunal para seu filho juiz; outra ainda esperava que seu feto feminino fosse o que quisesse ser, mas fosse, alguém, na vida.  Ah tá, entendi o viva Dilma. É o mesmo que viva o bolsa família, viva o auxílio maternidade. Viva! Isso deixa claro que essas estratégias sociais de governo ainda são as únicas garantias de fonte de renda para muitas famílias. Alem do mais, descobri quem é o tal César que tanto ouvi falar (quem faz cesariana também tem direito ao auxílio cirurgia). O que elas esperam agora é uma ficha na fila do INSS mais próximo pra botar pra gerar! Boa sorte, mamães.
Louise Vitória, a minha filha, completou sua primeira semana de vida. Ela, Ângela e eu, estamos bem, bem radiantes de felicidades e dispostos a compartilhá-la com vocês.
Dilsom Barros